Dois lados
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Há dias, Almino Monteiro Álvares Affonso decidiu promover um ato em prol de José Serra no centro da cidade de São Paulo. Secretário de Relações Institucionais do governo de São Paulo, Almino, um dos sustentáculos da democracia brasileira, reuniu correligionários diante do belo e histórico Teatro Municipal, todos entusiastas da candidatura do presidenciável tucano.
Após alguns discursos, o “velho” Almino Affonso, entre bandeiras flamejantes, tomou o microfone e falou sobre a necessidade de se manter o Estado Democrático de Direito. Dono de pensamento invejavelmente brilhante, Almino Affonso não hesitou em colocar à prova a sua conhecida coerência e recordou uma fala de seu amigo Mário Covas durante comício das Diretas Já. Lembrou Almino que na ocasião, diante de milhares de brasileiros, Covas disse que não importava quantos lotavam a Praça da Sé, pois ali estavam 120 milhões de brasileiros.
Na semana que passou, Almino repetiu o gesto de Covas e disse que não importava quantos engrossavam o ato em prol de José Serra, pois lá estavam 190 milhões de brasileiros que desejam a manutenção da democracia. O gesto de Almino Affonso mostra o seu caráter e sua honradez, pois a sua história, como político ou cidadão, não permite maquiar a realidade.
No contraponto, a candidata do PT à Presidência da República, Dilma Rousseff, não se importa com os truques adotados pelos que integram o staff de sua campanha. Não bastassem os golpes baixos e sujos que sempre marcaram a trajetória do partido, os marqueteiros de Dilma usaram de recursos tecnológicos para ludibriar a opinião pública e colocar em um comício realizado em Curitiba muito mais gente que realmente tinha.
Quem não conhece a capital dos paranaenses pode ter acreditado que o comício de Dilma Rousseff atraiu milhares de pessoas, pois as imagens passavam a sensação de superlotação do local do evento. Na verdade, os marqueteiros de Dilma conseguiram despejar gente apenas nas fotografias do evento. Mas como nenhum crime é perfeito, os asseclas de campanha colocaram uma imagem invertida do local do comício, o que denunciou a farsa.
Essa manobra mostra não apenas que a liderança de Dilma Rousseff nas pesquisas eleitorais é questionável, mas também que mentir é algo corriqueiro para os petistas, a exemplo do que ocorreu nos noventa e dois meses da era Lula da Silva.
O brasileiro precisa parar e refletir, pois homens como Almino Affonso começam a rarear. Almino, um dos símbolos nacionais da retomada da democracia, passou para a história porque defendeu a liberdade com coerência e honradez, não sem antes passar uma dúzia de anos no exílio. Dilma, ao seu modo, também defendeu a liberdade, mas o seu passaporte para a história se resumiu a episódios dantescos, como foi o roubo do cofre que o então governador Adhemar de Barros, de São Paulo, mantinha na casa de Ana Benchimol Capriglione, no bairro carioca de Santa Teresa.
