Missão Impossível: Falar de Jornalismo 007

Ontem, durante uma entrevista concedida pelo ministro das relações exteriores de Israel, Avigdor Liberman, o mesmo disse que os jornalistas que denunciam o Mossad como autor da execução do terrorista de alta periculosidade do Hamas que estava em Dubai, é porque "andaram vendo muitos filmes de James Bond". Embora seja verdade, que talvez o maior interessado nesta morte seja Israel, o país não é o único suspeito existente. Mas a imprensa sem prova alguma saiu afirmando que o mesmo foi responsável pela ação. Mais além: as primeiras matérias a respeito inventaram fatos que foram desmentidos na sequência pelo desenrolar dos acontecimentos.

Leia a íntegra da matéria e divirta-se com as bizarrices. No mínimo vale umas boas risadas.

Este comentário foi escrito pelo editor-chefe do De Olho na Mídia, Barenbein, Daniel Benjamin Barenbein. E contou com o texto do agen...digo, colaborador, Copstein, Jayme Copstein


Dubai e a verdade: Amor Pelo Hamas? Teria Sido o Mossad? E a mídia, cumpriu seu papel?

Antes de começar a divertir meus leitores com as trapalhadas jornalísticas, quero deixar dois pontos claros referentes a este comentário:

1) Ele não tem a intenção de dizer que o Mossad não cometeu esta ação. Pode até ter cometido. Israel obviamente não ficaria triste com a morte de um terrorista de alta periculosidade do Hamas. Mas com certeza não cometeu a ação como os jornais falaram que realizou. É este o ponto. A pressa que os jornais tiveram em acusar Israel, por uma operação, que por exemplo a OLP adversária do Hamas poderia muito bem ter levado a cabo, ou os sauditas, ou agentes britânicos. Mais: na necessidade de se acusar Israel, foram criadas falsas histórias para descrever aquilo que na cabeça dos autores já era certo: a culpabilidade do Mossad. Obviamente que com o averiguar dos fatos, todas estas foram por terra.

2) Ele é uma denúncia da hipocrisia. Se necessário a imprensa mundial forja uma história para acusar o Mossad pelo "enorme" crime de mandar um mega-assassino do Hamas ir se martirizar mais cedo. Cadê o mesmo tipo de revolta quando o ministro do turismo israelense, mais conhecido pelo apelido de Gandhi foi morto por terroristas palestinos no hotel Hayattem Israel? Ou diante da morte de Benazir Butho? Mas o que importa tudo isso? O problema da consciência mundial, em especial a Européia - onde a mídia é só um reflexo - são os judeus enganadores e falsificadores. Adesproporcionalidade da reação Européia e inglesa é marcante. Estes humanistas estão fazendo um escarcéu danado por meia dúzia de passaportes - supostamente falsificados pelos israelenses que teriam cometido a ação - e não se importam com as vidas de judeus explodidos indo para o trabalho, móvel principal do trabalho da pobre "vítima". Em outras palavras: todos os problemas do mundo sempre são culpa de Israel. Tudo é responsabilidade de Israel. Mais ainda: Israel não pode matar vítimas civis inocentes. Mas terroristas também não. Todo o resto do mundo pode. Isto - se foi Israel mesmo - o país não tem o direito de se defender.Dito isto, vamos as contradições das matérias. Divirtam-se:

Bem, as últimas informações que circulam na mídia dizem que Mahmoud al-Mabhouh foi autopsiado com veredito de morte por sufocamento. Isto não impediu que ele tivesse morrido de "vários tipos de mortes matadas", como diriam na gíria popular desde que começaram as especulações acerca do caso. Começando pelo Globo que em seu título já acusa sem dúvida alguma os israelenses de terem perpetrado a ação:

"Agentes israelenses matam líder do Hamas envenenado" (Publicado no dia 31/01)

E no seu primeiro parágrafo: "Agentes israelenses injetaram uma droga que imediatamente provocou um ataque cardíaco e matou o líder do Hamas Mahmoud al-Mabhuh no quarto do hotel em que ele estava hospedado em Dubai, informa hoje o jornal britânico "The Times".

Será que esta droga sufoca o paciente, ou o eletrocuta? Pois vejamos:

Estadão em matéria do dia 29/01, diz em seu primeiro páragrafo:

"O Hamas acusou nesta sexta-feira agentes israelenses de terem assassinado um veterano integrante do grupo militante islâmico, afirmando que ele foi eletrocutado na semana passada num quarto de hotel em Dubai"

Ainda nesta matéria, mais adiante:

"O irmão de Al-Mabhouh, Hussein, de 49 anos e que vive no campo de refugiados de Jebaliya, em Gaza, disse que seu irmão "morreu por choques elétricos e sufocação com um pedaço de tecido""

Acho que na tentativa de serem precisos e garantirem a morte, os supostos agentes do Mossad, sufocaram, eletrocutaram e envenenaram,só para ter certeza de que o alvo estava liquidado mesmo.

Como são as contradições que fazem a alegria de nós do De Olho Na Mídia, temos que apresentar outra matéria do próprio Globo, mais recente, de 23/02, desta vez em parceria com a BBC onde a causa mortis muda também: 

"Mabhouh foi encontrado morto em seu quarto no dia 20 de janeiro, tendo sido eletrocutado e sufocado"

Uau...onde foi parar a droga mágica?????

Vamos retornar a matéria original? Afinal, ela traz mais "detalhes" sobre o envenenamento:

"Como não encontraram nenhum sinal suspeito, os médicos locais atribuíram a morte do líder do Hamas a um ataque cardíaco.
No entanto, nove dias depois, amostras de sangue enviadas a Paris para serem analisadas indicaram a presença de veneno no corpo do miliciano"
.

Olha só que show de informação: no dia 29, o Estadão já dava a possibilidade de ter sido eletrocutado e sufocado. Dia 31, o Globo aparecia com este envenenamento, para no dia 23/02 adotar a postura do eletrochoque e sufocamento também. Demais não? E olha só que legal a teoria da conspiração: na matéria original, o Globo diz que os médicos acharam que a morte era natural. Ou seja, não havia sinais externos de eletrochoques e sufocamentos. E ai descobriram atráves de uma análise do sangue que foi veneno.... onde foi parar esta amostra de sangue agora, e de onde surgiram os choques e as marcas de sufocamento? Ummmm....estas coisas que aparecem e desaparecem no ar....

Mais ainda: estamos cansados de ver o termo "supostos" ao redor das matérias envolvendo ações terroristas palestinas, do Hizbullah contra Israel: "supostos terroristas realizaram atentado....""supostos mísseis lançados pelo Hamas""supostos palestinos...."...agora quando tudo é uma grande suposição e não existe MESMO certeza de nada, o Globo, Estadão, não se viram na obrigação de dizer: supostos agentes do Mossad? supostos israelenses? Cade a coerência e imparcialidade? Só quando interessa, não?

Mas a diversão está longe de acabar. As principais pérolas desta matéria do Globo que é exemplo do jornalismo calcado em fontes precárias e desvirtuadas, ainda viria a seguir. Sigam meu raciocínio, caros Watson, Hasting e demais leitores do De Olho Na Midia. Não é tão difícil assim. Segundo a matéria, a morte teria parecido natural e o caso do assassinato só teria sido descoberto com a análise do sangue do terrorista morto. As imagens das câmeras do hotel só foram liberadas muito depois e não mostram estes detalhes. Mas vejam só o que a mosca do Globo (só pode ter sido ela) testemunhou da ação e relatou a seus redatores, conforme publicado no texto:

"Em seguida, os agentes fotografaram todos os documentos que Mabhuh levava após colocarem na porta do quarto o aviso de "Não Pertube".

FANTÁSTICO! NÃO SE SABIA QUE O MOÇO TINHA SIDO MORTO A NÃO SER POR UMA AMOSTRA DE SANGUE, MAS SE SABIA QUE SEUS DOCUMENTOS TINHAM SIDO FOTOGRAFADOS E O AVISO HAVIA SIDO ALTERADO EM SUA PORTA!!!!

Aliás, estes documentos também são outra coisa que só o Globo viu. Não saiu em mais nenhum lugar. Deveriam ter sido descobertos junto com o corpo e noticiados por todo mundo, não? Além disso, acho que não preciso ser Sherlock Holmes para perguntar: se os agentes da ação já pretendiam matar o terrorista do Hamas, PORQUE FOTOGRAFAR OS DOCUMENTOS, AO INVÉS DE LEVAR CONSIGO OS ORIGINAIS? É, parece que a redação doGlobo compra qualquer coisa mesmo, desde que o rótulo seja: "contra Israel, ação rápida e efetiva..."

Afinal, qual seria a fonte desta matéria tão tortinha e fraquinha do Globo(que não foi o único diga-se de passagem a fazer especulações malucas, vide o exemplo acima mostrado do Estadão)? Adivinhem leitores? Vamos lá, vamos lá....com vocês o próprio Globo e a resposta:

"O Hamas, então, anunciou a morte de Mabhuh e culpou o serviço de inteligência israelense, o Mossad, pelo assassinato".


Pronto, se o Hamas, que por sinal nunca mente, falou, tá falado não é mesmo? Sem supostos, destaque no título e bota tudo que o mesmo imaginou em suas conspirações como parte da alegada ação israelense como verdade. E viva o jornalismo investigativo!

Agora com a palavra e mais detalhes, Jayme Copstein:


MOSSAD E HAMAS, VIDA E FICÇÃO


A vida copia a ficção ou a ficção copia a vida? Ou a ficção se disfarça de vida para esconder as ficções da vida? É complicado este caso de Dubai, aonde Mahmoud al Mabhouh, líder do Hamas, fora praticar seu inocente passatempo de comprar armas e explosivos de traficantes internacionais e acabou assassinado.

A primeira versão veio da gerência do hotel – morte natural. Como todos estamos carecas de saber, em hotéis de cinco estrelas para cima, tudo é muito natural e está sempre sob controle, de furtos, estupros e assassinatos a terremotos e erupções vulcânicas. 

As câmeras do sistema de vigilância mostraram desusada movimentação de 11 pessoas em torno de Abud Bud Bud, na portaria do hotel, o que despertou a suspeita de assassinato. A BBC de Londres, em sua guerrinha particular contra Israel, logo obedeceu à palavra de ordem “culpar Israel” e adotou a versão da Polícia de Dubai, de o crime ter sido cometido por agentes do Mossad, já que os assassinos clonaram passaportes de pessoas de várias nacionalidades, mas sete delas residentes em Israel. Ou já não se fazem mais Mossads como antigamente ou é a nova versão da velha anedota do agente secreto português, cujos cartões de visita diziam: “Manoel dos Anzóis, espião”. No caso, “Itzak Khamor, shmock” (Isaac Jumento, babaca).

Foram omitidos da versão dois insignificantes pormenores. Primeiro, um líder como Mahmoud al Mabhouh não se desloca sem forte esquema de segurança, o que explicaria a presença de 11 agentes de sua guarda pessoal registrada pelas câmaras de vigilância. Ou alguém consegue acreditar que ele desembarcou do táxi, sozinho, carregando a mala e foi entrando sem mais, sem menos, no meio de uma manada de turistas? Nem o nosso Lula da Silva faria isso, naquela pousada do litoral paulista onde passa as férias.

O segundo pormenor é o sigilo absoluto em torno da missão de alguém que vai comprar armas clandestinamente de traficantes internacionais. Só quem sabia da movimentação de Mahmoud al Mabhouh era o alto comando do Hamas. Logo, só “alguém de dentro” é que poderia vazar a informação, com o objetivo de eliminá-lo. 

Se foi o Mossad quem assassinou ou deixou de assassinar, não pode ficar fora de foco que, quem dedou Mahmoud al Mabhouh, ou com ele disputava poder dentro do Hamas. ou se desentendeu quanto ao dinheiro que flui generosamente do Irã e da Síria para os cofres da organização.

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