SUPERPOPULAÇÃO É UMA AMEAÇA REAL À HUMANIDADE, SEGUNDO A REVISTA "NEW SCIENT...

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via CAPIM MARGOSO de Sandro Nasser Sicuto em 23/09/09

Há quase 7 bilhões de seres vivos atualmente, o dobro do que havia em 1965, com a adição média de 75 milhões de pessoas por ano. O mundo consegue sustentar este crescimento populacional? É uma questão controversa tratada na última edição da revista "New Scientist".
Embora exista um consenso de que a população não possa aumentar indefinidamente e que o risco da superpopulação planetária é a fome, doenças e mortes. Contudo, no passado, outros profetas fizeram previsões catastróficas que não se concretizaram. A mais famosa delas é a de Thomas Malthus, que alertou, há mais de dois séculos, que a população seria mantida "sob controle" pela elevação da mortalidade. O que ele não previu foi a capacidade das sociedades recém-industrializadas para suportar um grande número de pessoas e das tecnologias desenvolvidas para prolongar a vida.
Hoje, o "problema populacional" está de volta no epicentro dos debates envolvendo o crescimento populacional e a capacidade do planeta de prover e sustentar esta população.
No começo deste ano, o conselheiro científico do governo britânico John Beddington projetou uma população sob crise global em 2030. Mais: um grupo de bilionários influentes, incluindo Bill Gates e George Soros, identificou a superpopulação como a maior ameaça que a humanidade enfrenta. As estatísticas populacionais são, de fato, impressionantes. Números brutos, contudo, escondem uma infinidade de complexidades. Olhando atentamente, fica claro que a suposição, baseada no senso-comum de que a população é a raiz de todos os males, é simplista e equivocada.
Por exemplo, enquanto a população está crescendo em números absolutos, a taxa de crescimento (média) está reduzindo gradualmente a velocidade de expansão, de 2% nos anos 1960 para 1% hoje. No Japão, Rússia e muitos dos países europeus, mulheres estão tendo poucos filhos, o que está contribuindo para diminuir a velocidade de crescimento da população. Ao mesmo tempo, as populações de muitas das nações menos desenvolvidas estão explandindo explosivamente, com mulheres em alguns países dando origem a mais de cinco filhos, em média.
Algumas dessas inconsistências e contrariedades são explicadas por especialistas. O demógrafo Paul Ehrlich, que reacendeu o debate há uma geração com seu best-seller "A Bomba Populacional", endossa a afirmação de que é preciso agir para conter a fertilidade.
Na obra, Ehrlich, defende que os países adotem um controle populacional rígido, de modo a evitar uma escassez de alimentos e outros recursos naturais.
Todavia, Ehrlich errou ao prever que, nas décadas de 1970 e 1980, milhões de pessoas morreriam de fome por causa da escassez de comida. Mas hoje, suas ideias radicais e professias escatológicas caíram no gosto dos estudiosos e ativistas da sustentabilidade, principalmente a tese de que o crescimento sem limites da população e o hiperconsumo não são compatíveis com a finitude dos recursos naturais.
Aliás, Paul Ehrlich, junto com sua esposa, Anne Ehrlich, criou uma fórmula matemática para calcular a pressão das atividades antrópicas sobre a Terra: I=PAT. Na equação, I é o impacto ambiental, medido pela multiplicação de P (o tamanho da população de uma área), A (média do consumo individual, medido pelo PIB per capita) e T (tecnologias empregadas e seu impacto em termos de emissões de gases de efeito estufa).
Por outro lado, o escritor de ambiente Fred Pearce insiste que é um erro focar o debate em torno do crescimento populacional porque cria uma distração perigosa da questão real: o consumismo desenfreado.
Depois, há o "admirável mundo novo" do encolhimento populacional que está em curso na Europa, como explica o demógrafo Reiner Klingholz.
"Estamos muito pesados para o mundo, os recursos são escassos para nós. A natureza não nos sustentar". Assim escreveu Tertuliano, um dos primeiros cristãos, no século 3. Naquela época, a população mundial era de cerca de 200 milhões de europeus. Dezoito séculos depois, e com 34 vezes mais pessoas no planeta, o debate continua.
A tese de Malthus em 1798 previa escassez e carestia crescentes. Esta ideia, depois rejeitada, renasceu agora com força nos movimentos ecologistas. Assim, o debate neomalthusiano voltou a ganhar espaço face a questões como segurança alimentar, pobreza, suprimento de energia e mudança climática.
A população do mundo atualmente está em 6,8 bilhões de pessoas - quatro vezes o tamanho da população há um século atrás - e, embora as taxas médias de fecundidade estejam em queda (2,8 filhos por mulher nas nações mais pobres e 1,6 nas mais ricas), anualmente em torno de 75 milhões de habitantes são acrescentados ao planeta. Mas este crescimento é fortemente influenciado pelo crescimento da população nos países pobres, tendência esta que não se manterá no futuro.
A World population data sheet, publicada anualmente pelo Population reference bureau, orgnanismo associado ao Governo norte-americano, noticia que, dentre os 170 países que compõem a Organização das nações unidas, 59 estão abaixo do limiar de renovação ou reposição da população. Na Europa já há quinze países, entre os quais a Rússia e a Alemanha, que já não renovam ou repõem a sua população, de tal modo que o seu contingente demográfico está em declínio de maneira absoluta. Isto vem a ser algo de dramático, de que pouco se fala.
Na verdade, o receio expresso pela política de contenção da natalidade carece de fundamento objetivo. O que se pode recear, não é a explosão demográfica, mas a implosão da população. É o que se depreende de alguns dados estatísticos de grande significado ou das chamadas "pirâmides de população".
"Pirâmide de população" é a representação gráfica da população de determinado país distribuída em camadas de idade. Nos países em via de desenvolvimento tem-se na base uma população jovem, entre 0 e 4 anos, representada por um retângulo muito largo; a seguir, o segundo retângulo representa a população de 5 a 9 anos, e assim por diante até chegar às idades mais avançadas. Verifica-se que nos países em desenvolvimento existe uma população jovem numerosamente significativa e uma população idosa muito menos avultada. Ora nos países ricos ou tidos como desenvolvidos verifica-se um estreitamento da pirâmide na base e uma tendência constante à contração ou à diminuição da população. Eis alguns exemplos concretos:
1. Na França, em 1997 a população era de 58 milhões de habitantes. Pois bem; para o ano 2050 está prevista uma contração que atingirá os 48 milhões.
2. Semelhante é o caso da Itália, que deverá passar de 56 milhões para 38 milhões.
3. Outro exemplo dramático é o da Espanha. Diz-se que não há mais crianças na Espanha. Na Espanha o índice sintético de fecundidade é de 1,5 filho por mulher em idade fecunda.
Para que a população se renove nos países ricos, seria preciso que cada mulher, em idade fecunda, tivesse a média de 2,1 filhos (ou um índice sintético de fecundidade igual a 2,1). Em nenhum país da comunidade européia essa cifra é atingida. Era alcançado, no passado próximo, na Irlanda, mas já não ocorrer em nossos dias.Poder-se-ia deduzir, pelo que foi dito até agora, que o declínio da fecundidade é problema exclusivo dos países ricos. Todavia, esta conclusão é um equívoco, pois o fenômeno ocorre em diversas partes do mundo, apenas com diferenças de calendário. No Brasil mesmo a fecundidade vem diminuindo e já há quem chame seriamente a atenção para o fato.
Na verdade, o grande problema do mundo atual não é o de uma pretensa explosão demográfica, mas, sim, o de uma implosão demográfica.

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