Manifestação contra o Programa Nacional de Direitos Humanos, realizada no fim de semana quis mostrar a insatisfação de mulatos e pardos com plano que não reconhece raças Reportagem: Ive Rylo“Quando não se reconhecem as identidades, não se reconhecem os direitos”. A frase foi dita pela presidente do Movimento Nação Mestiça, Elda Castro, em meio à manifestação contra o Programa Nacional de Direitos Humanos (PNDH), aprovado em dezembro do ano passado, pelo presidente Lula. A reunião, realizada nesse fim de semana simultaneamente em São Paulo e em Manaus, também contou com a participação de entidades estudantis e representantes de partidos políticos. Mas, apesar das discussões terem relevante importância social, entre sábado e domingo, apenas cerca de 40 pessoas participaram da manifestação na capital amazonense. “Não existe muita participação da população. Estamos tentando mobilizar a sociedade”, disse a presidente. Ontem, alguns poucos representantes do Movimento Nação Mestiça se reuniram na praça da Matriz, Centro da cidade e, mostraram indignação ao citar a parte do Plano em que, segundo o grupo, determina que mulatos e pardos (caboclos, cafuzos e outros mestiços) sejam classificados racialmente como negros. “O amazonense é pardo. O caboclo não está associado ao africano. Quando transforma um grupo em outro, ele oficialmente não existe. Seguindo esse decreto, a cultura Amazonense seria tratada como cultura negra e, o Estado brasileiro que teria maior número de ‘negros’, seria Roraima e não a Bahia, por que se somariam o número de negros e de pardos”, afirmou o coordenador Fórum Mestiço das Políticas Públicas, Leão Alves. Elda acredita que “transformar” caboclos em negros pode ser prejudicial e, inclusive, ajudar a extinguir a cultura Amazônica. “A idéia de dividir o país em raças cria um apartaide. Só vai existir a política do branco e do negro, como já acontece em outros países. Aqui no Amazonas nós comemoramos o “Dia da Consciência Negra”, não existe o dia da consciência da indígena. Não existem políticas para os pardos e para os caboclos. O que se vê é o interesse de se eliminar o mestiço, tirar o direito da terra”, afirmou a presidente do movimento. Os manifestantes também se mostraram desfavoráveis às famosas “cotas”, como forma de ingresso às instituições de ensino. “Com o Plano, eles irão somar todos, dizer que pardos são negros, para aumentar a oferta de vaga. Mas na ‘hora H’, é escolhido o negro que tem a cor de pele preta, e para o pardo não tem vaga. Isso pode gerar sentimento de ódio como em outros países”, afirmou Leão. O grupo acredita que o PNDH legaliza as drogas e prejudica a liberdade de expressão. “Nossa manifestação tem vários focos, também temos visto a questão do aborto, em que o governo vê de maneira unilateral. E a Lei da Anistia, que foi essencial para nosso país, e que se coloca de maneira contrária no Plano”, afirmou Manoel Almeida, presidente do Movimento Estudantil Secundarista. De Amazonas Em Tempo, A/5, 08/02/2009.
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