Rios de sangue: A cultura contraceptiva e as profecias do Apocalipse
Julio Severo
Bem no começo dos tempos da humanidade, Caim matou Abel e o enterrou, e a Bíblia relata que o sangue de Abel clamava desde o chão. O assassinato de Abel não ficaria impune nem esquecido.
No fim dos tempos, a Bíblia relata que os rios, os mares e as fontes de água “se transformariam em sangue como de um morto” (Apocalipse 16:3-4), explicando que o derramamento de sangue inocente (veja Apocalipse 16:5-6) trará juízo sobre as sociedades.
Do começo ao fim, a Bíblia deixa claro que nenhum assassinato de inocentes fica impune, pois o sangue clama por justiça.
Independente do tipo de interpretação que se escolha dar para o relato do livro do Apocalipse para o sangue nos rios, o fato é que se o sangue de Abel significava uma vida injustamente aniquilada, então o sangue nos rios representa uma grande multidão de vidas injustamente aniquiladas.
Mesmo que não existisse nenhum aviso bíblico sobre sangue nos rios, não dá para escapar da realidade de que há muito sangue nos rios. A vida vem sendo descartada nos rios, sem que ninguém se importe. O sangue inocente vem sendo descartado nos rios, sem que ninguém dê atenção.
Hoje, os rios se transformaram não somente em latrina, mas também em depósito de vidas aniquiladas. Centenas de milhões de mulheres usam pílulas e outros dispositivos “anticoncepcionais” que ocasionam micro-abortos que acabam se escoando na descarga dos banheiros diretamente para os rios.
Filhos micro-abortados: Quem se importa?
Quantas usuárias da pílula anticoncepcional sabem que a contracepção hormonal não só impede a concepção, mas também impede um embrião recém-concebido de se implantar no útero da mãe? Um novo ser humano, minúsculo demais para se ver, morre de fome, e é expulso do corpo da mãe no próximo ciclo menstrual dela. A pílula anticoncepcional não só representa a rejeição ao presente da nova vida que vem de Deus, mas efetivamente a destrói.
A geração atual foi condicionada a não conhecer nem se importar com o fato de que uma das funções da contracepção é provocar micro-abortos imperceptíveis.
A atual geração vive uma vida planejada e condicionada, onde a prioridade é o conforto material e o prazer. Nessa realidade, filhos se tornam pesos e obstáculos. Com a contracepção, eles se tornam opções e itens descartáveis, onde tanto governos quanto indivíduos impõem controles e limites.
Numa era de planejamento, se tornou fácil descartar a vida humana. Até mesmo aqueles que se chamam pelo nome de cristãos usam os próprios meios do mundo que escoam o sangue inocente nos rios.
A Bíblia não tem razão quando diz que o povo de Deus sofre destruição porque lhe falta o conhecimento? Quantos, no meio do povo de Deus, sabem que Margaret Sanger (1879-1966), a inventora do termo “controle da natalidade”, tinha ligações fortes com a Nova Era, com o socialismo e com a libertinagem sexual? Sanger foi literalmente a responsável pela criação das modernas pílulas “anticoncepcionais”.
Em seu primeiro jornal, The Woman Rebel (A Mulher Rebelde), ela confessou: “O controle da natalidade atrai os radicais mais avançados do socialismo porque sua prática mina a autoridade das igrejas cristãs. Algum dia espero ver a humanidade livre da tirania do Cristianismo…” [1]
Reprodução humana na mira do esoterismo e do nazismo
Antes da 2 Guerra Mundial, Sanger mantinha estreita relação com autoridades da Alemanha nazista, porque o sistema nazista de total planejamento e controle social era muito mais aberto às idéias dela de controle total sobre a reprodução humana. Enquanto Sanger lutava para promover o polêmico conceito de controle da natalidade nos EUA, na Alemanha não havia nenhuma oposição. O nazismo acolheu de braços abertos a ideologia do planejamento familiar promovida por Sanger. Com sua visão brutalmente baseada na teoria da evolução, o governo nazista via o controle da natalidade como item normal de sua política de planejamento e controle sobre o “animal” humano.
Na Alemanha nazista, a medicina estava a serviço da ideologia do chamado “bem coletivo”. Qualquer medida era válida para se alcançar um bem maior. Podia-se sacrificar vidas “insignificantes”, desde que o resultado fosse melhorar a qualidade de vida de seres humanos produtivos e úteis… Assim, o nazismo em nada diferia do comunismo em que ajudou a inspirar a cultura materialista de hoje, onde a chamada ciência e avanço tecnológico pouco ou nada se preocupam com ética ou o valor da vida humana.
Embora os governos atuais não imponham todas as políticas nazistas de controle social, é inegável o papel e empenho dos governos na doutrinação das massas para que vivam conforme um planejamento contraceptivo. O nazismo morreu, porém não morreram nos governos as intenções de controle na área da reprodução.
Entretanto, além do puro planejamento tecnológico sobre os humanos e sua reprodução, há o fator espiritual. Antes de Margaret Sanger, Annie Besant (1847-1933), a famosa teósofa inglesa, já distribuía panfletos ensinando os casais a ter menos filhos. Não, ela não atuava na África pagã ou Índia pagã, mas na Inglaterra majoritariamente evangélica. Com sua nova ideologia, Besant pregava que bênção era ter uma família menor.
Besant, cujo trabalho influenciou Sanger, havia vindo de um casamento fracassado com um pastor evangélico, se envolvendo em seguida com o socialismo, a teosofia, a Nova Era e o lesbianismo. Mas a Inglaterra dita cristã não se importou com o lesbianismo dela, nem com o ocultismo dela nem com o fato de que na Bíblia Deus diz que filhos são bênçãos e que abençoado é o homem que se enche deles.
A ideologia de Besant, com todas as suas conseqüências, prevaleceu sobre o Cristianismo superficial do povo inglês. A heresia de Besant não começou nas igrejas cristãs nem atingiu primeiramente as igrejas cristãs. O alvo dela era um lugar intocável pelos púlpitos das igrejas: a cama dos casais cristãos. Dessa intimidade longe dos templos religiosos, propagou-se uma ideologia que com o tempo engoliu a verdade dos púlpitos, jogando para o esquecimento a idéia bíblica de que uma família grande é uma bênção grande.
Planejamento familiar que custa sangue
O resultado é que a geração atual, inclusive a maioria dos cristãos, confia nos meios tecnológicos da contracepção do mesmo jeito que o povo alemão confiava na tecnologia e planejamento social da Alemanha nazista e do mesmo jeito que o povo soviético confiava no planejamento estatal da comunista União Soviética. Ambos os sistemas socialistas pregavam a “religião” contraceptiva.
O resultado é que a geração atual, inclusive a maioria dos cristãos, planeja suas famílias em busca de conforto material e prazer, sem perceberem que seu planejamento contraceptivo produz micro-abortos, enchendo os rios de sangue inocente.
O nazismo, o comunismo, o socialismo e toda ideologia de controle social usurpa o lugar de autoridade de Deus sobre as sociedades. O controle da natalidade, também conhecido como planejamento familiar, usurpa o lugar de autoridade de Deus sobre o aumento das famílias. Ambos os planejamentos resultam em derramamento de sangue inocente.
Reprodução humana na mira do socialismo, da ONU e da IPPF
Não é a toa que Sanger fundou na Índia (a mesma Índia adorada pelos místicos esotéricos como Besant) a Federação Internacional de Planejamento Familiar (conhecida pela sigla inglesa IPPF), a maior e mais antiga organização de aborto no mundo inteiro. Hoje, a ONU e a IPPF trabalham juntas para implantar políticas de planejamento contraceptivo nas nações. Essas organizações tratam o aborto e o homossexualismo não como assassinato e perversão, mas como direitos humanos inalienáveis. Tal trabalho está em plena sintonia com os objetivos e vontades de ideologia socialista.
Na visão de Besant, de Sanger, do socialismo, da ONU e da IPPF, a contracepção é a rejeição dos “indesejados” e a aceitação do planejamento teosófico, tecnológico, nazista e socialista sobre a reprodução humana. Na visão da Bíblia, a contracepção é a rejeição do planejamento de Deus na vida sexual do casal, numa autonomia moderna onde prega-se orgulhosamente a independência do indivíduo à custa de Deus, mas nunca à custa do Estado.
Direitos e liberdade ilusórios ao preço de sangue
A cultura contraceptiva estabelece o direito de homens e mulheres serem livres de planejamentos de Deus nas suas vidas, mas jamais abre espaço para eles serem livres do sorrateiro planejamento estatal. No final, com tantos direitos adquiridos — direitos sexuais, direitos reprodutivos, etc. —, o indivíduo fica embriagado com a ilusão de que, vivendo debaixo do planejamento contraceptivo da ONU, do Estado e até de esforços esotéricos, ele é livre.
A ilusória liberdade oferecida pela contracepção hormonal tem custado o preço de vidas que são tecnologicamente impedidas e rejeitadas de um natural e justo acolhimento no ventre materno. O útero da mulher moderna, por vontade de elevados planejadores sociais, passou a ser um breve campo de concentração nazista, onde a vida concebida, forçada a uma triagem contraceptiva micro-abortiva, é logo descartada. É o planejamento estatal e esotérico invadindo o santuário da vida e trazendo destruição.
Quem poderia imaginar que nos últimos dias aquele que veio para roubar, matar e destruir conseguiria promover suas ofertas por meio de uma propaganda em defesa do prazer, da liberdade, do conforto material e até do bem-estar familiar? No altar do deus tecnológico e científico, úteros têm sido “consagrados” e vidas têm sido sacrificadas. Por trás da máscara, esse deus nada mais é do que Baal e outros deuses pagãos que sempre exigiram os mesmos sacrifícios das novas gerações. É o mesmo deus, com diferentes máscaras, mas com a mesma sede de sangue inocente.
Um pecado tende a levar a outros pecados. Os países que primeiramente acolheram o controle da natalidade foram também os primeiros a legalizar o aborto. As nações hoje que mais praticam a contracepção são exatamente as nações onde o aborto se tornou um direito tão sagrado quanto era considerado sagrado o direito de os selvagens pagãos do passado sacrificarem bebês recém-nascidos aos seus deuses. A diferença é que os novos deuses sanguinários são respeitados por sua capa de sofisticação científica.
Nas religiões pagãs do passado, o sacerdote era predominantemente homossexual. Por pura coincidência, os países mais contraceptivos são também ardentemente pró-homossexualismo. A “religião” contraceptiva reviveu, de forma sofisticada e “científica” o paganismo, onde seu sacerdócio homossexual e sacrifício de bebês eram sagrados. O “direito” ao homossexualismo e ao aborto é sagrado hoje nos países contraceptivos. Pura coincidência?
“Religião” contraceptiva X cultura pró-vida do Reino de Deus
Os EUA, a Europa e a ONU estão exportando e impondo a “religião” contraceptiva no mundo inteiro. Nenhuma religião tem hoje mais adeptos e praticantes fiéis do que a religião da contracepção. Aliás, a religião contraceptiva tem forte presença nas grandes religiões mundiais, como o cristianismo, o hinduísmo, o budismo e vem fazendo penetração gradual no islamismo.
Tal qual a maçonaria, a religião contraceptiva se infiltra nas religiões mundiais como um parasita, porém a religião maçônica perde de longe em números e força para a sua rival contraceptiva.
Entretanto, embora consigam penetrar todas as religiões, nem a maçonaria nem a religião contraceptiva conseguem fazer uma mínima infiltração no Reino de Deus.
A cultura do Reino de Deus é pró-vida, pró-concepção, pró-criança e pró-família e totalmente contra o aborto, o micro-aborto e a sexualidade estéril e pervertida, inclusive homossexual. Contudo, aqueles que rejeitam essa cultura não são obrigados a recorrer ao aborto ou a métodos contraceptivos micro-abortivos. Eles não precisam encher os rios de sangue. Aqueles que rejeitam filhos como bênçãos de Deus podem optar pela esterilização, que não causa aborto nem micro-aborto.
Para os homens e mulheres que estão sintonizados na cultura do Reino de Deus, filhos são bênçãos e cada novo nascimento é como se fosse um Natal, aumentando e enriquecendo a família.
Natal, que é comemorado como a data do nascimento de Jesus Cristo, é tempo de alegria e felicidade. A Palavra de Deus, que é luz no meio da escuridão contraceptiva imposta pela teosofia, pela ONU e pelo socialismo, diz que, assim como Maria acolheu o bebê Jesus em seu ventre, assim também toda mulher que se abre plenamente para seu papel de mãe está recebendo não apenas uma criancinha, mas também a própria presença de Jesus. Jesus diz:
“Quem recebe uma criancinha em meu nome, está me recebendo; e quem me recebe, não está apenas me recebendo, mas também àquele que me enviou”. (Marcos 9:37)
A felicidade e alegria do Natal são multiplicadas com cada nascimento que se acolhe no nome de Jesus. Quando uma mulher cristã abraça sua missão de mãe em nome de Jesus, ela acolhe não só um bebê que vem como presente planejado por Deus, mas também mais do poder do Reino de Deus. O Deus que planejou a vida sexual e reprodutiva de Maria sabe muito bem planejar o tamanho e número de suas bênçãos em cada útero e família, sempre que lhe dão oportunidade.
O exemplo belo de Maria contrasta fortemente com o exemplo de hoje, onde o útero das mulheres se fecha para a total extensão das bênçãos de Deus e se abre para a ilusão contraceptiva, com todas as suas conseqüências micro-abortivas que enchem os rios de sangue.
Sangue, justiça e castigo
O sangue derramado da vida aniquilada pela contracepção hormonal e despejado nos rios tem alguma ligação com o sangue dos rios relatado no Apocalipse? Não sabemos.
O que sabemos é que há um cenário apocalíptico real de centenas de milhões de mulheres que, percebendo ou não, micro-abortam por meio da contracepção seus bebês recém-concebidos. Em seguida, com uma simples descarga de banheiro, esses minúsculos bebês micro-abortados terminam nos rios, tornando-os rios de sangue.
O que sabemos também é que o Apocalipse deixa claro que o juízo virá. E há milhares de anos a Bíblia explica que o sangue inocente derramado faz com que uma terra seja profanada:
“Portanto, não profanem com crimes de sangue a terra onde vocês vivem, pois os assassinatos profanam o país. E a única maneira de se fazer a cerimônia de purificação da terra onde alguém foi morto é pela morte do assassino.” (Números 35:33 NTLH)
Assim como ocorreu no fenomenal avanço tecnológico e científico da Alemanha nazista, o preço do moderno progresso da tecnologia e ciência na área da reprodução humana é a ilusão e o derramamento de sangue inocente. A contracepção hormonal tem transformado modernos homens e mulheres sexualmente ativos em derramadores de sangue inocente, deixando a sociedade sob a maldição de incontável número de assassinatos que trarão juízo.
Onde estão os profetas para alertar a sociedade das conseqüências de seus atos?
Onde estão os profetas para alertar sobre os enganos da contracepção?
Onde estão os profetas para alertar que o sangue inocente derramado clama por justiça e expõe a sociedade inteira a um juízo de destruição?
[1] George Grant, Grand Illusion: The Legacy of Planned Parenthood (Adroit Press: Franklin-EUA, 1992), pp. 64, 65.
Fonte: www.juliosevero.com
Versão em inglês deste artigo: Blood in the rivers: the contraceptive culture and prophecies in Revelation
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